“Acho que o fato de ele não ter mãos reforça o seu apelo quando dá uma de João-sem-braço. "não quero, não me abra, não me leia. Olha só, estou te avisando, eu sou muito chato!" E por que isso? ele tinha tanto pra me dizer, e preferiu dar ouvidos às suas orelhas e jogar-se em um qualquer canto, escondido na poeira do carpete. "Longe de mim! Tire já essas mãos imundas! Você não me merece, não está pronto!"
- Quem é você pra dizer?
Mas ele não ouve. Infelizmente ainda não é um meio completo de se conversar, nem tão saudável. E continuou: "Ai minha santa sulfite, que fiz eu pra merecer tanto sofrimento?"
- Você nasceu do sofrimento! Você é quase um parto, sabia?
Então ele ficou vermelho. Todo mundo sabe ouvir muito bem quando quer.
- E eu sei que por trás dessa capa dura, há pensamentos brilhantes, que só precisam se deixar ver.
E ele se abriu, todo devagar, vexado e conquistado, porém exultante. Sua pele era minuciosamente sentida, e ele enriquecia-se pelo prazer de se deixar conhecer.”
Rodrigo Alonso
[Um texto que quis colocar aqui, porque achei fantástico. Lindo. Tudo-di-bom. hehehehe. Está no blog desta criaturinha curiosa]
Um comentário:
você me encabula de uma maneira gostosa. =)
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